À Revelia

Minhas reflexões, minhas análises e minhas opiniões. Enfim, minhas bobagens.

quarta-feira, agosto 23, 2006




















Deus, um arlequim?

Ultimamente tenho devotado tempo e energia na tentativa de me aproximar de Deus e da Santa Igreja. Mas devo confessar que até o momento não achei resposta definitiva em nada. Nem mesmo no ateísmo que de todas as formas de crença é ao meu ver a mais falha.
O meu desejo era poder encaixar todas as peças, ao menos as mais básicas. Mas não consigo e isso me deixa desnorteado. Sem saber como aplainar minhas aflições.
Por ser basicamente católico não aceito mais (já aceitei) teorias como a da reencarnação por motivos óbvios, tais como, não atingir seus mais básicos objetivos apregoados pelos que a defendem. Portanto, a vida e uma só e aí começa o atrapalho. Por que almas nascem e vivem de uma forma desgraçada e sem perspectiva alguma de vivenciar nada exceto a dor nos poucos momentos de vida? O que me levou mais uma vez a um estado de confusão foi este vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=VZFcH0srTRU no qual aparece um bebê vítima da chamada "Ictiose do harlequin", um grave distúrbio genético que afeta a pele. Após ver este chocante vídeo minha alma desmoronou em pedaços. Por que uma alma teve a sina de ter sua vida projetada desta maneira? Qual o motivo divino para isto? A explicação cristã é que anjos como este terão como prêmio a vida eterna no paraíso. Bem, se analisarmos por outro ângulo, viver algumas horas ou dias nesta triste condição e ganhar o paraíso até que não é um mau negócio e assim sendo, nós as almas que possuimos corpos relativamente sadios estamos em ampla desvantagem já que viveremos muitos anos e estaremos assim por dizer sujeitos a todos os tipos de tentação e correndo sérios riscos de passar a eternidade no inferno. Assim, anjos como o do vídeo possuem imensa vantagem para entrar no paraíso. O que também me confunde e me traz inquietações. E se realmente for assim, que tipo de sujeito será essa criancinha no paraíso? Afinal, viveu muito pouco tempo para adquirir qualquer tipo de aprendizado ou formação da personalidade. O que será na eternidade? Um bebê sem característica alguma? Sem conhecimentos, sem hábitos, sem seu charme individual? Ou será que nada disso conta? Será que nós se por ventura formos admitidos no céu, deixaremos todos os aspectos que formam nossa personalidade para trás? Para de certa forma estarmos "nivelados" ao bebê do vídeo? Confusão, aflição, desassossego.
Certa vez vi em um filme um personagem dizer que quando morremos é como uma gota que volta ao oceano, ou seja, deixamos de ser a gota (individualidade) para fazermos parte do oceano (o Todo). Se for assim mesmo, ao morrermos seremos destituídos de nossa individualidade. Seria quase como a crença dos ateus, morre-se e tudo acaba. Preocupante... Isso me atordoa por demais. Por fim, o Deus todo benevolente acaba nos parecendo um grande brincalhão, quase sádico e isto me confunde por completo.
Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas ou que não temos a capacidade de apreender toda a sua criação e assim enxergar toda a sua perfeição. O problema é que Deus nos dá condição de análise até o exato ponto de nos confundir e nos apavorar. E por isso Ele me parece ser mesmo um grande gozador. E precisamos continuar a viver. Que Ele me perdoe por tais questionamentos. A dor que o vídeo acima me pôs na alma me deixou assim...

sexta-feira, agosto 18, 2006


























DESIDERATUM


Mais um dia, mais uma dor
Vivo em um mundo doente
Em que nada é o que deveria ser

Reflito tudo isto em um quarto vazio
A água posta ao lado fenece
A alma posta de lado esvanece

O que foi-me reservado?
O que eu reservei-te?
O que devo receber e dar?

Há apenas uma lei, uma luz a ser seguida
Mas há tantos seguidores dispersos
E confesso também ser um

Não basta pensar e agir apenas
Há de jorrar do coração o amor
E o que eu entendo por amor?
Há um amor puro, imaculado, livre das nossas paixões? Sim!
Eu preciso dele, assim como tu, assim como eles
E sabemos onde o encontrar
Mas complicamos tudo
Colocamos uma montanha no caminho
E a precisamos removê-la uma vez mais

Eu quero libertar-me disto tudo
E ir de encontro a verdade
Eu quero mesmo?
Estarei disposto a pagar o preço?
Decidido a largar os meus vínculos doentios?

No som das ondas no mar, nos ventos das cordilheiras
Percebo o que querem anunciar, lembrar-me
Uma lágrima despenca nas profundezas da minha perdição
Uma criatura prestes a cair no abismo envolto em trevas
Espero por tua mão e sei que ela esteve sempre ao meu alcance
Por que não a vejo? Por que não a aceito?

Reflito tudo isto em um quarto vazio
A água posta ao lado estremece
A alma realimentada se fortalece

quarta-feira, agosto 16, 2006
















À ESPERA DE UM MILAGRE

Estamos a algumas horas antes de uma tragédia anunciada. Apenas resta saber se haverá a confirmação da minha dor ou não.
Uma réstia, um vislumbre do paraíso entre as nuvens que cruzam os céus. Paradoxalmente eu adoro o cinza do tempo fechado.
De qualquer forma, eu não gosto de alimentar ilusões. E quem vos escreve já foi um dos maiores fornecedores de energia a elas, quimeras. A idade que avança talvez nos mostre o quão sonhamos ao invés de viver, mesmo que de forma mui aquém das expectativas.
Volto-me ao dia de hoje, ao que antecede o show (de horrores?) desta noite. O que nos espera? A sensação é quase a mesma (ao menos suponho) de se observar e esperar por horas pelo abrir da porta, ou o que seja, de uma espaçonave sideral que descansa no solo após ter derrubado alguns de nossos valorosos caças de guerra. Tudo indica que ao se manifestar, aquela máquina poderosa irá nos atingir com dor, com sofrimento. Mas aquela réstia de esperança entre as nuvens cinzas de que tanto gosto.. Quem sabe ainda, apesar de tudo, eles não sejam maus e sim nossos salvadores. Nossa felicidade, mesmo que ilusória. Eterna enquanto dure. Há uma esperança. Nos agarremos a ela, valorosos caças tricolores espatifados ao solo.

sábado, agosto 05, 2006

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Nas estepes da minha solidão
Um álbum negro se abre com o vento
Mostrando imagens de algum momento
Cenas e lembranças que nunca vivi.

Olho em volta e só vejo a imensidão
E sei que algo se aproxima sorrateiramente
Em um pouso enigmático e irresistível
A inconteste presença etérea da verdade.

O sol brilha ao sul e desnorteado eu fujo
Minhas carnes se impregnam de medo e dor
O caos se liberta das entranhas do mundo
O real se incute em meus sonhos, a lucidez.

As estepes, o vento, o momento, eu nunca vivi
A imensidão, algo iressistível, a verdade
O sol, medo e dor, o caos, o real, enfim lúcido.

Minha solidão em um álbum negro
Imagens, cenas e lembranças
Desnorteado, impregnado, mas liberto em sonhos.


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sexta-feira, agosto 04, 2006

24 HORAS

Internacional nas finais da Libertadores;
Punição injusta e debochada do meu Grêmio;
Nova pesquisa dando vitória de Lula no primeiro turno;
Briga de foice no fórum em que participo.
Estas últimas 24 horas nem Jack Bauer aguentaria.
Situação fodálica!

Big Brother

Vivemos em um mundo cada vez mais bisbilhoteiro. Não me refiro as mil e umas câmeras de monitoramento e assemelhados tão somente, mas também ao patrulhamento em relação ao que fazemos. A onda politicamente correta é tão intensa, tão envolvente que até a sorvedura de um simples refrigerante é motivo de mil e uma culpas. Ora bolas, este mesmo movimento demoníaco que condena uma Coca-Cola se empenha na legalização da maconha por exemplo. Por esta óptica invertida, um refrigerante é droga e uma droga é digamos, um inofensivo "passatempo". Pois é, e não adianta argumentar com o rebanho dos que assim vivem. Graças a Deus por enquanto apenas evitando a Coca-Cola sem ainda fazer uso da canabis sativa. Mas apenas por enquanto. Pelo andar da carruagem, não será apenas uma visão psicodélica de um LSD da vida vivenciarmos uma cena como esta: um pai de família sentado à mesa na refeição com um copo de refrigerante na mão sendo duramente criticado por seu filho adolescente por sua 'loucura' de beber aquela droga. Mas atente ao detalhe, o filho discorrendo dos malefícios da praga capitalista com um baseadinho no canto da boca. Exagero meu? Talvez. O tempo dirá.
Refrigerantes são drogas? Só se eles viciam o cérebro a pensar por conta própria. Aí pode ser. De resto mais uma trama politicamente correta.