À Revelia

Minhas reflexões, minhas análises e minhas opiniões. Enfim, minhas bobagens.

quinta-feira, dezembro 21, 2006





MINHA HOMENAGEM AO TÍTULO COLORADO...

Texto que encontrei por aí na internet.
Vale a pena ler...hehehe



Terça-feira, 19 de dezembro de 2006...

O menino acorda e vai até a sala, onde o pai está todo sorridente, vestindo a camiseta vermelha e se aprontando pra sair. A sala cheia de bandeiras e as janelas todas abertas, para passar o cheiro de naftalina que ainda impregna o ar.

– Nós vamos pro aeroporto, pai?

– Aeroporto não, filho. Base aérea... Vamos pra base aérea.

– Ah. Vai ser uma festa bonita, né pai? – pergunta o menino, sem entender por que não no aeroporto.

– Vai, filho. Vai ser um festão.

– Demorou, né, pai?

– É, filho, mas isso não importa... – resmunga o pai.

– Há quantos anos mesmo que tu espera por esse dia, pai? Desde que tinha a minha idade, né?

– Vinte e três anos, filho... vinte e três...

– É muito, né, pai? Ainda bem que acabou... Mas, também, a gente treinou 97 anos... Um dia tinha que acabar, né, pai?

– É, filho... mas agora vamos. Vamos, que não quero perder a chegada do Pato e do Gabiru.

– Vamos, pai – diz o garoto, pegando uma bandeira e ainda catando uma traça que corria pelo pano vermelho.

Um minuto depois, no elevador...

– Hein, pai... Que título mesmo a gente ganhou?

– Campeão mundial, filho! – exclama o pai, animado. – Campeão mundial reconhecido pela FIFA!

– Ah, que nem o Corinthians, né, pai?

– Corinthians? – surpreende-se o pai. E pensa um pouco... Depois, conforma-se: – É, que nem o Corinthians...

– Pai, mas o Corinthians já ganhou a Libertadores? Já jogou no Japão?

– Tá louco, filho?! Nunca! É que o Corinthians foi convidado. Quando esse torneio que a gente ganhou começou, ninguém precisava ganhar nada pra participar. Era só ser convidado...

– Nossa, pai! Que coisa! Essa FIFA é bem bagunçada, né? Não tem critério nenhum...

– É, filho... Mas isso não importa.

O filho segue pensativo até o carro. Enquanto põe o cinto de segurança, sentado no banco traseiro, volta às perguntas:
– Mas pra nós foi difícil, né, pai? Tivemos que ganhar a Libertadores... Só tem uma coisa que não entendo: nosso time hoje é melhor que aquele beeeem antigo, que tinha uns jogadores que o vô dizia que eram muito bons... o Falcão, o Batista, o Escurinho, o Manga?
– Não filho, aquele time foi o melhor de todos que já tivemos... Isso não se discute!
– Mas pai, então me explica: se aquele time era tão bom, por que demorou tanto pra gente ganhar a Libertadores?
– Ah, filho... porque naquele tempo era muuuuito mais difícil ganhar a Libertadores. Primeiro, porque só dois times brasileiros jogavam... se ainda fosse assim, a gente nem tinha jogado este ano. E os adversários eram muuuuito mais difíceis! Tinha times como o Boca, o River, o Estudiantes, o Peñarol, o Olímpia. Eles batiam muito também! Dava até medo jogar naqueles estádios da Argentina, do Uruguai, do Paraguai, da Colômbia... Então, aquele time que o vô viu jogar era muito bom. Mas, naquele tempo, Libertadores era pra macho!
O filho pensou um pouco...
– Pai, quando o Grêmio ganhou a Libertadores duas vezes era mais difícil, também? Ou eles só jogaram com o Pumas, o Libertad, o Nacional e a LDU, que nem nós?
Silêncio...
– Ah, mas nós ganhamos a final do São Paulo – emendou o pai, sem responder...
– É mesmo! Naquele jogo que o Rogério Ceni entregou... – lembrou o filho – Que sorte, né, pai?
Alguns minutos de silêncio depois, o filho volta às dúvidas:
– Pai, mas então quando o Grêmio foi campeão mundial também era mais difícil, né? Porque não era qualquer um que ia pro Japão. Porque até o Falcão, que o vô diz que foi nosso maior craque, só foi pro Japão com a Globo...
– É, filho... mas o Grêmio jogou contra um time alemão, que estava até desfalcado no dia... Não foi que nem nós, que jogamos contra o Barcelona do Ronaldinho, do Deco, do Eto'o, do Messi, do Saviola...
– Quem é Eto´o, pai? Eu não vi nenhum Eto´o domingo... nem Messi, nem Saviola...
– Ah, é porque eles estavam lesionados... eles não jogaram.
– Puxa, quantos lesionados... Mas, então, o Barcelona estava desfalcado? Que sorte, né, pai?
– Ah, mas nós não jogamos só uma partida como o Grêmio, meu filho – insiste o pai, já irritado. – Nós primeiro tivemos que passar por um jogo muito difícil, contra aquele timão lá do Egito! O Ai-Ai...
– Puxa pai, é mesmo! Eu nem sabia que no Egito tem futebol... Mas foi um jogão. Bem difícil... Ainda bem que a gente teve muita raça e ganhou do Ai-Ai do Egito, né, pai?
– Isso, filho. Muita raça... Olha, que bandeira linda ali no Laçador!
Percebendo que o pai quer mudar de assunto, o filho fica quieto por mais uns minutos, até chegar à Base Aérea, onde muitos outros torcedores se reúnem para esperar o time que está chegando. Em meio a homens, mulheres e crianças, o garoto logo reconhece um amigo:
– Olha, pai! É o Bilu! Eu conheço ele lá da Escolinha do Beira-Rio! Ele é meu colega do balé...
– Bilu? E isso é nome de homem...? – pergunta o pai.
– Ué, pai... que nem Gabiru...
– Ah, é mesmo... – concorda o pai, meio a contragosto.
Passa-se um minuto, e o garoto segue pensativo:
– Pai, por falar nisso... É verdade que nós só ganhamos quando entrou o Gabiru?
O pai olha de soslaio para o menino, suspira e diz:
– Deixa pra lá, filho, deixa pra lá... O que importa é comemorar. Campeão da FIFA! Campeão da FIFA!


 

9 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Pq não atualizas o blog?

11:43 PM  
Anonymous Anônimo said...

Caro 'anônimo".
Falta inspiração e isto ocorre pelo fato deste blog não ser visitado por praticamente ninguém, mesmo eu tendo dezaenas de amigos virtuais, os quais nas sua esmagadora maioria não importam com o que eu penso.
Mas logo devo postar algo...tentarei...
Abraços.

6:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eu entendo seu comentário, mas tenho algumas coisas pra falar. Seu blog pode não ser visitado por quase ninguém, mas é visitado e satifaz o leitor, isso já é um ânimo, e claro, se estou aqui, é porque me importo com o penso, senão não teria voltado aqui. Talvez você não tenha sorte de ter amigos virtuais que pensam como você, pois há certamente pessoas como eu que concordam, não somente aqui, mas também no BAZ (que frequento há um bom tempo) concordo com o que dizes. Desistir enquanto há possibilidades não é certo, e isso vale pra tudo. =D


E pq "Anônimo"?

Desculpa mandar isso publicamente, caso se importe com isso.

11:45 PM  
Anonymous Anônimo said...

Obrigado pelas palavras e pode se manifestar aqui sempre que desejares. Estou tentando pôr algo aqui. Mas com a correria das colheitas sobra pouco tempo.
Abraços.

12:44 AM  
Anonymous Anônimo said...

Claro, eu entendo. Posso pelo menos dar uma sugestão? Não sei se já leste, mas o texto "Quase" de Luiz Fernando Veríssimo eu considero realmente muito bom e motivador, com certeza quem entrasse leria e refletia, com uma foto legal ficaria muito bom. Só uma opnião e um texto conhecido, porque próprios são difíceis.

Abraço

7:42 PM  
Blogger Someone said...

Lamento caro anônimo mas não leio LFV.
Abraços.

12:29 AM  
Anonymous Anônimo said...

Desculpe-me, mas se um dia tiver tempo procure na internet e verá que é um texto belíssimo.

Abraço

3:39 PM  
Blogger Someone said...

Obrigado pela sugestão. Mas deste senhor quero distância.
Abraços.

7:07 PM  
Anonymous Anônimo said...

Saíste do BAZ pq? Eu concordo com toda sua opnião, mas acho fraco em sair desse modo, acho q tem q ficar lah e enfrentar todos. Dá muito mole vc...

12:10 AM  

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